Podemos dizer que a
Umbanda é um sistema religioso fundamentalmente naturista, isto é, trabalha com
as forças da natureza, assim como com espíritos contemporâneos, ou não, pesando
expressivamente em seu exercício as vibrações das Almas.
Nossa religião
possui muitas co-irmãs, o leigo muitas vezes confunde a Umbanda com outras
religiões que possuem nomenclaturas semelhantes a Umbanda, no entanto a
semelhança é meramente aparente e termina aí. Neste ponto é que gostaríamos de
colocar alguns itens que consideramos fundamentais. O fato de termos raízes
africanistas, e cultuarmos Orixás, gera muita confusão e sobressai a
necessidade imperiosa de definir limites bem claros. Não temos a intenção de
comentar outros credos, temos sim, intenção de vincar nossas assertivas.
1. Trabalhamos
exclusivamente visando o bem, a caridade e a evolução espiritual de todos.
2. A Umbanda não faz
despacho em encruzilhadas, não faz matança de animais, não suja a natureza, não
cobra consultas e trabalhos, não faz trabalho de "amarração"!
3. Não temos feituras
de cabeça, raspagens, camarinhas, roncó, corpo fechado, ebós, orunkô, feitura
de santo, bascos, firmo de nação, etc.
4. As sessões obedecem
a horários pré-estabelecidos, para início e término.
5. Nas sessões ou em
rituais fechados de Umbanda não há abate de animais ou de qualquer outro ser
vivo.
6. As oferendas aos
guias, ou entidades menores, são realizadas em locais determinados normalmente
junto a natureza, ou reinos apropriados, ou até mesmo dentro do próprio
terreiro quando é possível. Lembrando sempre de deixar o local limpo como foi
encontrado. Somos absolutamente contra, por exemplo, acender velas perto de
árvores (risco de incêndio) ou numa pedra (sujeira da cera). Nós amamos a
natureza e as suas energias, como podemos sujar os locais sagrados para nós?
7. Na Umbanda a
vestimenta básica é toda branca em todas as giras.
8. Não há retribuições
financeiras por trabalhos executados, consultas, ou o que quer que seja.
9. A ascensão ao
sacerdócio na Umbanda, se faz através do tempo, da propriedade individual, da
constância, dedicação, estudo e seriedade com que o médium se propõe a
caridade. O trabalho e o tempo, a dedicação e o estudo profundo é que fazem a
firmeza do médium. E tudo isto não acontece de uma hora para outra.
Alertamos sempre
que possível, sobre o julgamento, não devemos julgar, e pior do que isto,
trabalhar em detrimento de quem quer que seja julgando a causa. Se temos um
problema nas mãos, procuramos através da meditação, através da fé, o
esclarecimento que seja específico. Imersos em emoções, não há quem se julgue
errado, o adversário sempre está errado. A assertiva número 1 deve ser uma
premissa fundamental para todo umbandista.
Não devemos
receitar. Se for necessário, procuramos dentro dos elementos mágicos que nos
são atinentes auxílio, não somos médicos.
O médium não deve
precipitar independência mediúnica. É necessário estar bem certo do que se faz.
O trabalho vinculado a uma Casa de Caridade é fundamental. Lembre-se que no
Centro acodem falanges de trabalhadores, sozinhos não temos esta mesma
proteção.
É comum também o
médium acreditar que determinados ritos (externos aos ritos da Umbanda) vão lhe
conferir maior força, ou maior propriedade de trabalho. Se isto for imperioso
na sua vida, esse médium deve procurar outra religião que lhe seja mais cara.
Na Umbanda o preparo se dá através dos anos de trabalho, dedicação, estudos e
preceitos, e portanto procuramos compreender melhor os mecanismos sutis. A
oitava assertiva esclarece bastante tais dúvidas, não concordamos com
mistificações, com adaptações, com misturas ritualísticas. Não fazemos
"trabalhos" nos quais num passe de mágica o médium já é Chefe de
Terreiro! Não meus amigos, não se iludam achando que com algumas velas e
oferendas você estará preparado para chefiar uma casa de Caridade.
O trânsito de uma a
outra religião é até certo modo compreensível, pois o homem sempre busca algo
que lhe complete, no entanto não vamos confundir, ou tentar adaptar
circunstâncias, ou seja, se você acredita que o ritual de preparo de Umbanda
não lhe é suficiente, procure outra religião. Nós não adaptaremos rituais ou
fundamentos para atender necessidades individuais, maculando a Umbanda.
Buscaremos sim, dentro dos rituais da Umbanda atender as suas necessidades, mas
você tem o seu livre-arbítrio.
Escrito por:José Francisco Vianna Pereira
e Mãe Iassan Aiporê Pery
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