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sexta-feira, 27 de julho de 2012

OS BONS MORREM PRIMEIRO?




Nem é verdade, nem é justo. Geralmente vemos nosso ente querido como o melhor do mundo, sem defeito algum e quando ele parte, achamos que foi antes do tempo. Se os bons morressem primeiro, a Terra estaria pior do que se encontra. Perguntemos: “Chico Xavier, Madre Tereza, Irmã Dulce não eram bons? Pois morreram com idade avançada.”
Quando uma pessoa malvada escapa de um perigo, frequentemente dizemos: “SE FOSSE UM HOMEM DE BEM, TERIA MORRIDO.” Pois bem, ao dizermos isso, visualizando o lado espiritual, estamos com a verdade, porque, efetivamente Deus concede muitas vezes, a um Espírito malvado, uma prova mais longa. E poderá conceder a um Espírito bom, em recompensa por mérito, uma prova mais curta. Mas quando empregamos esta frase visualizando o lado material, não duvidemos de que estamos cometendo uma blasfêmia.
Se morrer um homem de bem, vizinho de um malvado, logo dizemos: “SERIA BEM MELHOR SE TIVESSE MORRIDO AQUELE.” Cometemos então um grande erro, porque aquele que parte talvez tenha terminado a sua tarefa, e o que ficou talvez nem a tenha começado. Por que, então, queremos que o mau não inicie sua tarefa ou termine antes da hora e que o outro continue preso à luta terrena? É como se desejássemos que o prisioneiro que cumpriu sua pena continue preso.
Quando a morte vem ceifar em nossas famílias, os jovens em lugar dos velhos, dizemos freqüentemente: “DEUS NÃO É JUSTO, POIS SACRIFICA O QUE ESTÁ FORTE E COM FUTURO PELA FRENTE, PARA CONSERVAR OS QUE JÁ VIVERAM LONGOS ANOS, CARREGADOS DE DECEPÇÕES; LEVA OS QUE SÃO ÚTEIS E DEIXA OS QUE NÃO SERVEM PARA NADA MAIS; FERE UM CORAÇÃO DE MÃE, PRIVANDO-O DA INOCENTE CRIATURA QUE ERA TODA A SUA ALEGRIA.” Precisamos compreender que o bem está muitas vezes onde pensamos ver a cega fatalidade. Por que medir a justiça divina pela nossa medida? Como podemos pensar que o Senhor dos mundos queira, por um simples capricho, nos aplicar penas cruéis? Nada se faz sem uma simples finalidade inteligente, e tudo o que acontece tem a sua razão de ser. Se sondássemos melhor as dores que nos atingem, sempre encontraríamos nelas a razão divina, razão regeneradora, e nossos miseráveis interesses ficariam em segundo plano. É preferível, uma encarnação de 20 anos, a ver um jovem em desregramentos vergonhosos que desolam as famílias respeitáveis, ferem um coração de mãe, e fazem branquear antes do tempo os cabelos dos pais. A morte prematura, quando não é antecipada por vícios e tantos outros abusos, é quase sempre um grande benefício, que Deus concede ao que se vai, para preservá-lo das misérias da vida, ou das seduções que poderiam arrastá-lo, ou continuar arrastando, à perdição. Dizemos também que é uma terrível desgraça, que uma vida tão cheia de esperanças seja cortada tão cedo! Mas de que esperanças queremos falar? Das esperanças da Terra onde aquele que se foi poderia brilhar, fazer sua carreira e sua fortuna? Temos sempre essa visão estreita, que não conseguimos elevar acima da matéria! Sabemos, por acaso, qual teria sido o futuro dessa vida jovem tão cheia de esperanças, segundo nosso entendimento? Quem poderia nos dizer que ela não poderia estar carregada de amarguras? Desprezamos as esperanças na vida futura, preferindo as esperanças da vida passageira que arrastamos na Terra? Será que vale mais um lugar entre os homens que entre os Espíritos bem-aventurados? Alegremo-nos em vez de chorar, quando Deus retirar um de Seus filhos deste vale de misérias. Não é egoísmo desejar que ele fique para sofrer conosco? Ah! Essa dor se concebe entre os que não tem fé, e que vêem na morte a separação eterna. Mas nós, espíritas, sabemos que a alma vive melhor quando livre de seu envoltório corporal. Mães saibam que seus filhos bem-amados estão perto de vocês, sim, eles estão bem perto; seus corpos fluídicos lhe envolvem, seus pensamentos lhe protegem, sua lembrança os inebriam de contentamento; mas também as suas dores sem razão os afligem, porque revelam uma falta de fé e constituem uma revolta contra a vontade de Deus.
Habituemos a não censurar o que não podemos compreender, e crer que Deus é justo em todas as coisas. Freqüentemente, o que nos parece um mal é um bem. Mas as nossas faculdades são tão limitadas, que o conjunto do grande todo escapa aos nossos sentidos obtusos. Esforcemos por superar, pelo pensamento, a nossa estreita esfera, e à medida que nos elevarmos, a importância da vida terrena diminuirá aos nossos olhos. Porque, então, ela nos aparecerá como um simples incidente, na infinita duração da nossa existência espiritual, a única verdadeira existência. (Sansão e Fénelon, O Evangelho segundo o Espiritismo, cap.V, item 21/22)

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